Na recente ação judicial movida por Elon Musk contra a OpenAI, o CEO Sam Altman e o presidente Greg Brockman, termos-chave como "sem fins lucrativos" aparecem 17 vezes, "conselho" 62 vezes e "AGI" impressionantes 66 vezes. A ação alega violação de contrato, quebra de dever fiduciário e concorrência desleal, centrando-se na afirmação de que a OpenAI priorizou lucros e interesses comerciais no desenvolvimento da inteligência geral artificial (AGI) em detrimento de sua missão sem fins lucrativos de servir ao bem público sob sua diretoria sem fins lucrativos.
Esse conflito legal ganhou força após a demissão abrupta de Altman pelo conselho em 17 de novembro de 2023. A decisão gerou uma intensa reação negativa de investidores, incluindo a Microsoft, e levou muitos funcionários da OpenAI a expressar solidariedade a Altman, resultando em sua rápida reintegração e na demissão de vários membros do conselho.
Críticos apontam que Musk, cofundador da OpenAI que agora compete com suas iniciativas por meio da startup X.ai, pode carecer de objetividade. No entanto, a questão que persiste é: como as questões de governança relacionadas à AGI desencadearam essa tempestade legal?
A Estrutura Sem Fins Lucrativos da OpenAI em Nova Análise
A ação detalha as origens da OpenAI: Musk, Altman e Brockman fundaram o laboratório de IA sem fins lucrativos em 2015 com o objetivo de desenvolver AGI "para o benefício da humanidade, não por motivos lucrativos." No entanto, Musk alega que, em 2023, Altman e Brockman desconsideraram esse acordo fundacional, cometendo "violations flagrantes" após a demissão de Altman e sua subsequente reintegração.
A estrutura única de sem fins lucrativos e de lucro limitado da OpenAI complica a situação. Embora a subsidiária com fins lucrativos seja "totalmente controlada" pela organização sem fins lucrativos e deva seguir sua missão, a ação introduz uma teia complexa de entidades, incluindo OpenAI, Inc. (a organização sem fins lucrativos) e várias subsidiárias com fins lucrativos, como OpenAI, LP e OpenAI LLC.
O Papel da Microsoft como Membro Não-Votante do Conselho Sem Fins Lucrativos da OpenAI
Como destacado em um artigo anterior, o conselho sem fins lucrativos da OpenAI determina quando a AGI é alcançada—definida como um sistema altamente autônomo que supera humanos em tarefas econômicas valorizadas. Uma vez que a AGI é considerada alcançada, suas capacidades estarão fora do escopo dos acordos comerciais da Microsoft, levantando sérias questões sobre a imparcialidade do conselho, especialmente com a Microsoft como membro não-votante.
A ação de Musk argumenta que Altman e Brockman conspiraram com a Microsoft para manipular a composição do conselho, resultando na demissão de membros-chave como o cientista-chefe Ilya Sutskever. Ele sustenta que o novo conselho nomeado não possui expertise suficiente em IA para determinar independentemente quando a AGI é alcançada, potencialmente criando um significativo conflito de interesse.
Críticas ao Status Sem Fins Lucrativos da OpenAI
Musk não está sozinho em contestar a designação sem fins lucrativos da OpenAI. Robert Weissman, presidente da Public Citizen, levantou preocupações sobre a integridade operacional da OpenAI. Sua organização de defesa solicitou recentemente ao Procurador-Geral da Califórnia uma investigação para verificar se a OpenAI se desviou de sua missão sem fins lucrativos sob a influência de sua subsidiária orientada para o lucro.
Especialistas em direito também concordam com a posição de Musk. O advogado James Denaro argumenta que a transição de uma entidade sem fins lucrativos voltada para o benefício público para uma entidade com fins lucrativos representa uma "mudança de paradigma problemática" na indústria de tecnologia.
Anat Alon-Beck, estudiosa de direito corporativo, observa que os problemas estruturais da OpenAI desempenharam um papel significativo no surgimento da ação judicial. Ela critica a incerteza em torno dos deveres fiduciários dentro da estrutura não convencional da OpenAI. À medida que a relação entre a OpenAI e a Microsoft se aprofunda, surgem preocupações sobre governança e conformidade, chamando a atenção crescente de órgãos reguladores.
Em resumo, a estrutura complexa da OpenAI e os desafios de governança que apresenta são centrais para a disputa legal em andamento, destacando as tensões entre missões sem fins lucrativos e pressões de lucro no cenário em evolução da inteligência artificial.