Como a Demanda por Energia da IA Transforma as Estratégias de Compras de TI

Um novo whitepaper do Electric Power Research Institute (EPRI), intitulado "Potencializando Inteligência: Analisando o Consumo de Energia de Data Centers e a Inteligência Artificial", revela uma projeção impressionante das necessidades de energia para IA. Este relatório de 35 páginas indica que o consumo de energia em data centers nos EUA pode mais do que dobrar, alcançando 166% dos níveis atuais até 2030.

Consultas de IA Consomem Consideravelmente Mais Energia

O EPRI atribui esse aumento principalmente à IA generativa, que pode consumir exponencialmente mais energia por consulta do que motores de busca tradicionais. As consultas de IA exigem cerca de 2,9 watt-horas por pedido, sendo dez vezes mais intensivas em energia do que uma busca típica no Google, que utiliza aproximadamente 0,3 watt-horas. Aplicações emergentes, como geração de imagens, áudio e vídeo, impõem ainda mais demandas energéticas sem precedentes históricos.

Análise do Consumo de Energia por Aplicações

O relatório examina cinco casos de uso principais, incluindo Google Search e ChatGPT. Dentre eles, ChatGPT é a consulta de IA menos exigente em termos de energia. No entanto, os pesquisadores alertam que, se o Google integrar capacidades de IA semelhantes em suas funções de busca, a energia necessária poderia variar entre 6,9 e 8,9 watt-horas por busca—mais de três vezes o consumo do ChatGPT.

Antecipando Restrições de Fornecimento

As quatro previsões do EPRI para o uso de eletricidade em data centers nos EUA de 2023 a 2030 variam de crescimento baixo (3,7%) a alto (15%). No cenário de crescimento alto, o uso de eletricidade em data centers pode disparar para 403,9 TWh/ano até 2030, representando um aumento de 166% em relação aos níveis de 2023. Mesmo sob o cenário de crescimento baixo, projeta-se um aumento de 29%, alcançando 196,3 TWh/ano.

A distribuição geográfica desse crescimento gera preocupações. Em 2023, quinze estados representavam 80% da carga nacional de data centers, sendo a Virgínia responsável por 25%. As projeções sugerem que a participação da Virgínia pode aumentar para 46% do consumo total de eletricidade até 2030, no cenário de alto crescimento.

Tipos de Data Centers e sua Contribuição

Diferentes tipos de data centers contribuem de maneiras variadas para essa demanda, com centros empresariais (20-30% da carga total), centros de co-localização e centros hyperscale (60-70%) liderando. As instalações hyperscale, operadas por gigantes da nuvem como Amazon e Google, estão na vanguarda dos avanços energéticos, com novos centros apresentando capacidades entre 100 e 1000 megawatts—suficientes para abastecer até 800 mil casas.

Mudança nas Estratégias de Aquisição de Data Centers

À medida que as empresas correm para garantir os últimos servidores equipados com GPU dos principais fornecedores como Nvidia, o desafio vai além da simples aquisição de hardware. O aumento das necessidades energéticas desses sistemas torna a capacidade dos data centers ainda mais importante, reminiscentes da era da bolha da internet em 1999.

Para navegar nesse cenário, as empresas devem adaptar suas estratégias para se assemelhar às dos concorrentes hyperscale. Companhias como Amazon e Google priorizam a garantia de capacidade de data centers a longo prazo por meio de contratos plurianuais com fornecedores e operadores de energia.

Muitas empresas podem precisar reavaliar seu tradicional modelo de “três cotações e uma compra”. À medida que a capacidade dos data centers se torna cada vez mais limitada, essa abordagem pode se mostrar ineficaz. Em vez disso, os negócios devem explorar parcerias de longo prazo com fornecedores de data centers, comprometendo-se com níveis específicos de capacidade em troca de acesso confiável a recursos.

Um executivo do setor compartilhou suas percepções sobre essa tendência: “Muitos fornecedores de equipamentos de data centers não respondem mais às solicitações de propostas como costumavam. Agora, eles operam em um modelo onde garantem uma certa capacidade a cada mês ou trimestre.” Há uma década, 100% de sua receita provinha de processos de licitação; hoje, esse número é de apenas 25%.

Para os líderes de TI empresarial, abraçar essa mudança exigirá visão estratégica e colaboração entre os departamentos de TI, instalações e finanças. Investir na infraestrutura de data centers agora, mesmo à custa de ganhos de curto prazo, pode ser essencial para competir efetivamente em um futuro impulsionado pela IA.

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