A OpenAI tem fascinado a comunidade tecnológica, assim como profissionais da mídia e das artes, com seu novo modelo de IA, Sora. Essa tecnologia inovadora produz vídeos realistas em alta resolução de até 60 segundos, embora ainda não tenha sido lançada ao público. Em fevereiro de 2024, a OpenAI anunciou que Sora estava disponível para testes por um grupo seleto de "red teamers" e uma pequena comunidade de artistas visuais, designers e cineastas. No entanto, os primeiros usuários começaram a criar e compartilhar projetos utilizando Sora.
Entre eles está o roteirista e diretor Paul Trillo, que foi um dos primeiros a apresentar vídeos de terceiros gerados por Sora. Ele criou o que está sendo chamado de "primeiro videoclipe oficial feito com o Sora da OpenAI" para o artista indie chillwave Washed Out (Ernest Weatherly Greene Jr.) e seu single "The Hardest Part." O vídeo de 4 minutos apresenta uma série de rápidas e interconectadas tomadas com zoom em várias cenas, perfeitamente costuradas para criar a ilusão de um zoom contínuo.
Na plataforma social X, Trillo revelou que concebeu a ideia do vídeo há uma década, mas a deixou de lado. Ele compartilhou que o vídeo final foi montado a partir de 55 clipes gerados por Sora de um total de 700, que foram editados no Adobe Premiere.
Em notícias relacionadas, a Adobe anunciou planos para integrar Sora e outros modelos de geração de vídeo por IA em seu software Premiere Pro, embora ainda não tenha confirmado um cronograma. Para aqueles ansiosos em replicar o fluxo de trabalho de Trillo nesse ínterim, será necessário criar clipes de vídeo IA utilizando outras ferramentas como Runway ou Pika, uma vez que Sora ainda não está acessível publicamente.
Em entrevista ao Los Angeles Times, Washed Out expressou entusiasmo por incorporar novas tecnologias em seu trabalho, indicando um desejo de explorar técnicas inovadoras. A entrevista detalhou os prompts específicos utilizados para gerar as imagens: Greene enfatizou a importância de incluir detalhes precisos sobre as imagens, ângulos de filmagem e movimentos dos personagens. Por exemplo, Trillo descreveu uma cena: "Zoomamos pela bolha, ela estoura, e zoomamos pela goma de mascar em um campo de futebol aberto", capturando a dinâmica e a natureza imersiva do vídeo.
Trillo também destacou que utilizou exclusivamente as capacidades de texto para vídeo do Sora, optando por não incorporar imagens estáticas geradas em outros lugares, uma abordagem comum entre artistas no emergente cenário de vídeos por IA.
O surgimento de Sora ilustra o potencial da IA na criação de mídias, contrariando relatos de que vídeos de demonstração anteriores—como "Air Head" do estúdio canadense Shy Kids—dependiam fortemente de VFX e ferramentas tradicionais de edição como rotoscopia no Adobe After Effects. Além disso, destaca o contínuo interesse entre os criativos em usar ferramentas de IA para contar histórias, apesar das críticas de outros que veem tais tecnologias, especialmente as da OpenAI, como exploratórias. Preocupações surgem quanto ao uso de obras prévias de artistas para treinamento sem consentimento ou compensação.